The Last of Us part 2

Crônica, Review, e um coração partido à machadadas!

O maldito violão parou de tocar, sim, cena final de The Last of Us part 2, a continuação do jogo de 2013 onde um velho casca grossa entra no caminho de uma adolescente e que seria um caminho bem comum se não estivéssemos falando do fim do mundo pelas mãos de um fungo parasita mutante.

Sim, o tal do Joel é esse tipo de casca grossa, e ele faz cabeças rolarem. Pior ainda se alguém tentar encostar um dedo na sua filha postiça: qualquer coisa andante corre risco de vida, ou melhor, de uma morte bem grotesca e impiedosa.

E por convivência, a garotinha também acaba se tornando um pouco da casca grossa: Ellie aos poucos vai deixando de ser uma adolescente frágil para se tornar uma parceira de matanças.

Esta parte conta trechos da história de The Last of Us part 2.

Algo acontece com The last of Us part 2 que é no mínimo curioso… O número de pessoas que estão odiando o jogo é alto pra caramba, e o principal alvo é sua história.

A história do jogo não é um desastre, e longe de mim querer ser o especialista sobre como continuar bem uma trama, mas algumas coisas eu aprendi com aquele tal de Game of Thrones. Uma delas foi “matar personagens principais nem sempre é uma boa ideia”, ainda mais quando este personagem tem toda uma construção vinda de um primeiro aparecimento simplesmente épico e todo mundo espera poder continuar as suas façanhas em uma nova história tão boa quanto a anterior. Não, aqui não temos isso, e este é o verdadeiro motivo de tanto ódio.

Naughty Dog resolveu ousar demais, chocar demais, e como um belo exemplo de exagero negativo, posso dizer que ela foi longe demais: logo no início do jogo, Joel é sumariamente retirado para sempre da existência da franquia The Last of Us.

E haja revolta nisso! Se o objetivo era causar indignação, fizeram bem demais.

A partir de então, somos apresentados a uma trama que nos mostra um mundo regido pela vingança, onde contaminação e contaminados deixaram de ser os ingredientes principais e a imunidade da protagonista clássica praticamente não importa mais. A parceria agora é sempre com personagens secundários de pouca ou nenhuma importância, gente que eu não ligava a mínima se iriam viver até o fim ou não, e com o decorrer da trama, fica fácil perceber que Ellie estava se tornando uma pessoa cega e egoísta, que não se preocupa com mais nada que não seja o paradeiro da Abby.

Mas o jogo com Abby é surpreendentemente mais polido, mais variado e mais movimentado. O jogo enquanto controlamos Ellie é uma experiência técnica maravilhosa, mas arrastada, lenta e por vezes repetitiva, culpa única e exclusiva do roteiro. No comando da Abby, o game parece mais curto por ser menos repetitivo, o level design dos locais por onde passamos é um espetáculo e a narrativa ganha aquele ar de Resident Evil, do perigo espreitando na escuridão, até um chefão grotescamente assustador a gente enfrenta naquela que é, sem dúvida, a melhor parte do jogo!

Abby poderia ter sido introduzida de outra maneira, poderia até mesmo matar Joel por vingança em um final épico, emocionante e convincente, mas o que acontece está mais pra um roteiro que não sabe quando parar, que vai estragando cada vez mais a personalidade da Ellie ao mesmo tempo que não consegue construir uma relação sólida do jogador com a Abby, que vai inventando mais e mais locais, facções e inimigos em prol de um desfecho que já deveria ter acontecido e que quando finalmente acaba, deixa a gente tão esgotado quanto as duas protagonistas ali, caídas na praia, quase sem conseguirem se levantar pra não se afogarem na água rasa.

The Last of Us part 2 tem seus dois lados. Um é magnífico para todo mundo sem exceção, o outro, depende da percepção de cada um.

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